Wednesday, December 16, 2009

Sai de mim!




Depois que virei mãe comecei a reparar nos pais (e mães) que encontro por aí. Antes eles não faziam parte da minha rotina e então eu nem mesmo percebia que existiam e nem como agiam. Mas o fato é: virei mãe e agora me relaciono com outras mães, pais e babás. Diariamente.

E este post é sobre a quantidade de mãe bizarra que existe nesse mundo. Mãe egoísta, mãe mal-educada, mãe mal-humorada, mãe grossa... E por aí vai. Deu pra entender do que estou falando, né? Na minha concepção-Pollyana-de-ser, virava mãe e automaticamente virava exemplo. Ai, tadinha de mim. Com 30 anos na cara já devia ter aprendido que o mundo é muito mais cruel que isso.

No sábado passado fomos a festinha de um ano de uma amiguinha do Thomas. Festinha pequena, como a maior parte das festinhas americanas (que em questão de tamanho acho sensacionais. Nada daqueles mega-eventos que são as festas no Brasil), só amigos chegados da aniversariante e seus pais... Eu sou uma mãe super-participativa, sento no chão, brinco, faço questão de conhecer todas as crianças que o meu filho se relaciona (parece que tô falando até de um adolescente, né?), canto, faço papel de boba. E, tendo um filho bem pequeno, tenho que estar sempre por perto mesmo, pois ele nem sempre sabe controlar a sua força, seus movimentos, suas vontades. Por exemplo: ele enfia o dedo no olho de outras crianças, puxa cabelo, pega brinquedo das mãos dos outros... Mas nada mais natural, quando se trata de um bebê de 11 meses. Eu estou sempre perto, educando, dizendo que não pode, ensinando. Pelo menos tento.

Pois lá estávamos nós na festinha de aniversário (tenho dois exemplos para ilustrar meu ponto):

1. Um menino de 6 anos está brincando com um caminhão de plástico. Thomas bate em disparada em sua direção. Senta perto do menino e começa a puxar o brinquedo. O menino grita: "Noooooooooooooooo! This is MY truck." Eu digo: "Thomas, he is playing with that truck. Let's play with some other toy." A mãe dele olha pra mim e me diz: "I'm sorry." Querida, seu filho tem 6 anos e você vai esperar até quando para ensinar que eles podem brincar com o caminhão juntos, ou senão dividir? A cara dela e o seu tom de voz eram meio que "não tem nada que eu posso fazer."

2. Abro a porta do salão de festas para ir ao banheiro e uma garotinha de 3 anos sai correndo que nem um foguete corredor afora. "Meu Deus, essa menininha vai fugir", pensei com meus botões." O corredor era imenso e dava não sei lá aonde. Fui eu atrás da menina, com medo dela sumir. "Sweetie, let's go back to the party. Where is your mom?" E ela começou a gritar com o berro maus agudo que já ouvi na minha vida:"AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAh!!!!!!!!" "Vão achar que estou machucando essa menina", pensei. Tentei de outro jeito: "Come on, let's go back and eat some cake". "AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAh!!!!!!!!!!" Não tinha solução, do jeito que os americanos são, a melhor coisa a fazer era deixar a menina lá e ir buscar a mãe, pra não correr risco de ser julgada depois. Deixei a garotinha no corredor e fui correndo procurar a mãe. Quando achei a dita cuja, ela me olhou com uma cara de que-saco-essa-mulher-pentelha-me-incomodando. Como se não fosse o suficiente para tomar pavor da dupla "menina histérica e mãe mal-educada", a menina não parava de vir pegar os brinquedos da lembrancinha do Thomas e largar no outro lado da sala. A dona da festa vinha trazer de volta pra mim cada brinquedinho com uma cara sem-graça.

Educação é um assunto muito delicado, eu sei. Acho que o adequado é levar a vida sem julgar. Mas é preciso ter o mínimo de bom senso quando se coloca um filho no mundo, minha gente. Educação pra mim é exemplo. E eu tô pra dizer, hein, tem muita criancinha aqui em NYC que se for depender de exemplo tá danada.

Fotos: Eu de mãe boba, eu de mãe boba de novo e Thomas dando um "beijinho" assistido na aniversariante.

5 comments:

Pat in NYC said...

O que vejo aqui em Manhattan e que mutias criancas, sao "educadas" pela baba, que muitas vezes ficam mais ao celular do que com a crianca. Fora que alguns pais, dao mais atencao ao cachorro do que ao filho, fazm cara se saco cheio para o filho o tempo todo...

mp said...
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mp said...

uma vez, visiatando o museu do Prado em Madrid eu ouvi a seguinte frase de uma mãe para um filho (que devia ter seus 14 anos e não aguentava mais o museu) - "You're an annoying human being". Me doeu o coração ver uma mãe falar assim com um filho. E olha que nem sou mãe ainda!

JULIANA said...

outro dia ví um adola tirar o chiclete da boca e tacar no chão no meio da saída de um restaurante. Não aguentei e falei : Ei, vc deixou seu chiclete cair no chão, não vai pegar. Logo depois ví a mãe e achei que ela ia fazer cara feia pra mim ou pro moleque, acredita que ela abaixou a cabeça e saiu por outra porta????
Fiquei passada!


PS: Como Thomas tá grande!

Tatiana said...

Eu acho que grande parte dos pais estão sendo muito permissivos por culpa, sabe? Como tem pouco tempo para os filhos acabam deixando que eles façam o que querem... Mas isso é uma discussão profunda demais!!

Mudando de assunto: seu cabelo tá com uma cor tão linda!! É natural ou vc passa algo?
Eu faço luzes há anos e to no maior dilema pensando se volto ou não a minha cor natural...