Com a chegada das festas de fim de ano aparecem um milhão de eventos beneficentes, reuniões de amigos, festinhas nas empresas... Ontem fomos ao primeiro evento do tipo do ano . Era uma jantar de gala beneficente no Chelsea Piers e o traje era black-tie. Tentei me esquivar do evento, já que minha barriga está bem avançada, já passando dos 8 meses de gravidez. Grenfel no entanto me falou que era importante que eu fosse, e eu, muito boa esposa que sou, fiz um esforcinho e fui. Fiz uma pequena enquete aqui no trabalho e chegamos a conclusao de que eu deveria usar um vestido longo. Na minha cabeça só veio um candidato: um vestido da BCBG bege que comprei para ir ao casamento da minha cunhada no fim do ano passado. Como se já não fosse difícil o suficiente se vestir elegantemente no frio de -5º C que está fazendo nessas últimas noites, lá fui eu vasculhar o meu armário para ver o vestido que me deixaria ficar menos bizarra. Chegando em casa, experimentei o dito cujo, que obviamente não fechou (por causa do peito e não da barriga, já que ele é bem solto do peito pra baixo). Pensei com meus botões que não valeria a pena comprar um vestido novo a essa altura da gravidez. Pensei mais um pouquinho e cheguei a solução: vou usar o vestido sem fechar atrás e cubro com uma pashmina, já que vai estar frio mesmo.
O evento estava marcado para as 6pm (isso mesmo, quem marca um evento de gala as 6 da tarde?) e tive que me arrumar aqui no trabalho. Passei uma maquiagenzinha no banheiro, coloquei o vestido e uma sandália de salto alto (não me lembro a última vez que meus pezinhos chegaram perto de um salto). Estava me achando uma louca de ir com o vestido aberto e, apesar de estar mega apertado, pedi para uma amiga fechar o botão. Entrei num taxi e rumei para o Chelsea Piers. Em pé o vestido não parecia estar tão apertado assim, mas quando sentei no taxi meus pulmões se amassaram. Com o que eu estava na cabeça? Tentei me livrar do botão, mas vi que sozinha não ia conseguir nada.
O Grenfel havia ficado de me encontrar lá, mas acabou se atrasando no traballho e eu fiquei sentadinha no lobby por quase uma hora. A música dos anos 80 era altíssima e o baby nitidamente não estava gostando nada daquilo. Chutava como um lutador de kickboxing. Depois de quase 20 minutos de espera, não aguentei e pedi para uma estranha, na maior cara de pau, abrir o meu vestido. Ela me olhou com uma mega cara de espanto, mas acabou abrindo e dando gargalhadas. Adorei que agora eu pelo menos poderia respirar.
Só então, com pulmões livres, fui me tocar que TODAS as mulheres que entravam no evento estavam de preto. Pensei: putz, não lemos o convite direito. Era pra vir de preto e aqui estou eu, a única bobinha de bege. Liguei pro Grenfel desesperada, tanto esforço em vão. Mas enquanto ainda estava no telefone com ele vi alguns gatos pingados chegando com vestido de cor. Ufa! Menos um mico. Estar com o vestido aberto já era vergonha suficiente.
Continuei então esperando e reparando os trajes. Sempre achei que o nova-iorquino era uma exceção a regra, e se vestia bem. Puro engano. As roupas eram quase todas horrorosas! Muita gente usava vestido curto, mas preto, como se a cor fosse o suficiente para significar gala. Os sapatos eram do pior gosto. Sabe aqueles saltinhos de 2 dedos? Um mega vestido longo de paetês com um saltinho de 2 dedos? Não dá. E quem foi que disse que só porque um sapato é prateado ou dourado ele é chique? Mais uma: sandália de alcinha com meia calça é o ó. Ah, e poucos são os casos em que estampas misturadas ficam bem, ainda mais num evento black-tie. Cada caso era pior que o outro.
No final das contas me achei uma princesa de vestido aberto, de barriga gigante e rosto inchado. Comi meu jantar sem gosto, fiz o social que tinha que ser feito, aguentei por mais um tempo a música alta e rumei para a minha caminha quentinha. É impressionante como tudo nessa vida é relativo.
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2 comments:
HAHAHAH morri de rir com esse post, bem sei o que voce estava passando!!
Beijos
PS: que hospital vc vai ter o baby?
ler esse post me deu a impressao de ouvir a historia de vc. so quem escreve tao bem consegue reduzir a distancia entre o que se pretendia dizer e o que se diz, ao fim.
bjo gde na mae mais linda, cuja beleza nenhum vestido desabotoado consegue tirar.
vlbr.
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